Desde muito, na escola, em casa, entre amigos, ouvimos sobre a importância de nos aventurarmos nos “clássicos”. Autores e livros que transcendem fronteiras e épocas, que são considerados grandes nomes pela contribuição para o desenvolvimento de uma atmosfera intelectual e crítica. “Os clássicos são aqueles livros que chegam até nós trazendo consigo as marcas das leituras que precederam a nossa e atrás de si os traços que deixaram na cultura ou nas culturas que atravessaram”, conclui Calvino. Apesar disso, é comum o ataque a tais obras com a justificativa de que são autores “antigos”, “que já morreram” e que “falam palavras distantes demais das nossas realidades”. Mas quem está correto nessa disputa?
Muitos pensadores já se debruçaram sobre o tema buscando responder a pergunta: Qual o papel dos clássicos para a sociedade? Apesar das respostas diversas, todas elas tocam em pontos comuns: a leitura dos clássicos é vital para a compreensão do hoje. Platão, Santo Agostinho, Descartes, Hobbes, Schopenhauer, Dostoievski, Foucault… E apesar dos séculos que os separam, apresentam um vínculo indiscutível: banharam-se em clássicos antes de se tornarem escritores.
Abrir as páginas de um livro cunhado pela tradição é aventurar-se na história de um período, nas palavras que ecoaram em determinado tempo e que ainda são escutadas. Um livro não esgota em si seu momento, pelo contrário, nos permite tanto ler o tempo no qual o autor estava inserido, reler o nosso tempo e nos reler. “Na verdade, todo leitor é, quando está lendo, um leitor de si mesmo”, afirmou Marcel Proust, fazendo referência ao conhecimento de si e de seu lugar no mundo.
Nunca saberemos precisar quando, nem onde as palavras dos clássicos tornaram-se parte integrante da sociedade, seja em citações, em atos ou numa espécie de consciência coletiva. Os clássicos, em última instância, encontram-se vivos e residem no nosso mundo – eles nos ajudaram a formar nosso espírito do tempo.
Ler os clássicos é, portanto, dialogar, com palavras do ontem o dia de hoje. É percebermos que, apesar das mudanças, vestígios permanecem a todo tempo, haja vista que um livro ou autor, quando entra para a história, também escreve nas linhas do tempo. Nessa perspectiva, Calvino afirma: “Um clássico é um livro que nunca terminou de dizer aquilo que tinha para dizer” – e nunca terminará.
Porém, é importante questionar por quais razões grande parte dos denominados clássicos lidos por nós ocidentais são de homens europeus e brancos. Por quais motivos os que não se encaixam nessas características foram relegados ao esquecimento ou não elevados a tal categoria? Lembremos que, nos dias atuais, várias autoras e autores estão sendo descobertos, cuja originalidade e profundidade nada perdem aos já cunhados pela tradição. Esperamos que algumas de suas obras tornem-se clássicos.
São muitos autores que possuem importância se aprendermos a lê-los. Goethe já exclamava quando as pessoas o perguntavam do papel dos livros: “Ler é a arte de desatar nós cegos”. Desatemos, pois, nossos nós. Devemos ampliar nossas visões!
Por Danilo Švágera da Costa
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